30 de mai. de 2015

Maternidade

Mãe de dois ...e já passados 5 anos da primeira experiência, já me atrevo a falar sobre os discursos da maternidade. Até então, as falas de amigas e colegas de trabalho eram todas rosadas: permeadas de romantismo, amor em excesso e perfumarias rosa choque. Sinceramente não lembro de pessoas falando de uma outra perspectiva, não tão otimista, na minha ingenuidade, julguei existir só o lado feliz da moeda.
Ao parir a primeira vez, imaginei que no segundo seguinte ao choro de estréia seria uma nova mulher, conforme ouvia até então. Não foi o que aconteceu... E à medida que passavam os dias tentava me adaptar ao meu novo estado... Que não era cheio de graça, nem cor-de-rosa ... Tinham muitas cores e humores!!! ... A dificuldade de amamentar nos dois primeiros dias, o sono interrompido a cada três horas, a decisão de ir e vir que não era mais só minha, a tarde planejada no shopping nem sempre acontecia da melhor forma, as minhas escolhas que já não dependiam só de mim, meu direito de ir e vir sem precisar dar satisfação nem justificar, ... Enfim, ... muitas mudanças!
 
Que faz parte da maturidade ...
Que com filhos já não estamos mais sozinhos ...
É só uma fase, e daqui a pouco vou sentir saudades e dar risadas ...
(...)
Tudo isso já sei ... Mas precisava ser tão dolorido?! E além do processo, o que sufocava era a cobrança interior de como lidar (sozinha!) com esses pensamentos... que por muitas vezes os considerei fora do normal, pecaminosos e vergonhosos.

E era inevitável pensar:
O que vão pensar de mim, se souberem que estou pensando isso?
É pecado?
Será que não nasci para se mãe?
 
Choro em silêncio, quase sem lágrimas... e a briga interna destes sentimentos com o que a sociedade nos aponta sobre o que ser mãe.
 
Sobrevivendo, ... agora bem menos dolorido... Vivendo cada tempo a seu tempo as dores e as delícias da função ... Compreendendo que tudo faz parte, que é normal, humano. Só não entendo (até entendo!!! ... mas daria uma outra discussão a partir dos estudos de gênero!) porque as mulheres se privam de falar o que realmente pensam ou sentem sobre as primeiras experiências com esse mundo novo!

Ser mãe é um exercício construído, desde a gestação e a cada dia mais um pouco! Compreender que este processo nem sempre é harmonioso é o canal pra não pirar diante de tantas mudanças, e interrogações que surgem.

Já não é possível imaginar os dias sem os olhares, os sorrisos, as conversas, os carinhos,  as experimentações ...Ser mãe é tudo de bom!!! ... E atravessaria tudo de novo, ...com certeza!

.

.