24 de jan. de 2018

Sobre as cotas...

Fazer parte da comissão de aferição dos autodeclarados negros, pardos e indígenas, para ingresso em uma instituição de ensino foi uma experiência beeem interessante. Inicialmente achei que seria um trabalho extremamente fácil. E não deixa de ser, só precisava confirmar se o candidato que estava a minha frente era negro ou não, a partir da observação do fenótipo. Pois é desta forma que se dá a discriminação, de um modo geral, quanto mais traços negróides, menos oportunidades você tem, mais precisa provar que é bom no que faz. Esse é o consenso comum, com exceções. Há números, notícias e histórias que provam isso. Não vou discutir a validade das cotas. Já está posto. O que nos interessa é lançar um olhar sobre o processo em si, e como as pessoas compreendem o acesso e se apropriam destas informações. É muito delicado analisar a cor da pele do outro, quando este não se reconhece como tal. Ou julgar se há má fé na opção escolhida. É um trabalho pra lá de subjetivo. Pois, são pardos quase brancos, pardos que não se identificam como negros, e negros quase pedindo licença para participar. Partindo do critério proposto, análise de fenótipo, pardos são menos discriminados que negros, mas se pensar nos seus antecedentes, e possíveis dificuldades que pudessem ter para oportunizar melhores condições de vida ao tal candidato, talvez esse "pardo" mereça mesmo concorrer pela vaga dos autodeclarados negros. Difícil analisar. Ouvir histórias de discriminação, racismo, sempre nos sensibiliza ... Ainda é revoltante acreditar que em 2018 isso ainda aconteça ... Segue o trabalho. Segue a luta. Segue o baile!

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